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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Livro usa filosofia e literatura para ensinar estatística

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A Editora da USP (Edusp) acaba de lançar Bioestatística em outras palavras, um livro que introduz princípios básicos de estatística usando literatura e Lógica da ciência. A obra é destinada a quem precisa dominar o assunto, mas o considera sem graça e difícil de entender — especialmente estudantes e pesquisadores de ciências biomédicas.



“Por preconceito as pessoas tratam a estatística como algo feio e difícil. Mas ela é bonita e corresponde ao que qualquer pessoa normal pensa”, diz o autor, o médico epidemiologista Júlio Pereira, professor da Faculdade de Saúde Publica (FSP) da USP.

Para mostrar a beleza da ciência, ele recheou o livro com trechos de obras de Machado de Assis, Mário Quintana e Lewis Carroll, entre outros escritores. “A estatística e a literatura falam das mesmas coisas de formas diferentes”, diz Pereira. “Quando alguém vê essa analogia, começa a superar o preconceito.” Para explicar o conceito de média, por exemplo, o livro usa a descrição que Machado de Assis faz da expressão do rosto de Virgília, personagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas: “entre cômica e trágica.”

Os capítulos mostram quais princípios de Lógica fundamentam as análises estatísticas feitas pelos cientistas. Só depois ensinam a fazer cálculos. “A Lógica apenas mostra como as pessoas normais pensam. Ela está no livro para mostrar que estatística não é difícil”, diz Pereira. “Procedimentos estatísticos como o teste de hipótese e teste de significância seguem a maneira de pensar de qualquer estudante.”

O livro está dividido em três partes, que correspondem a questões que a estatística investiga. Para quebrar barreiras, elas tem nomes diferentes dos capítulos de livros de estatística comuns. A seção Relações de Existência ensina procedimentos para saber se fenômenos estão mesmo acontecendo. A seção Relações de Ordem ensina a analisar se alguma coisa é maior ou menor que outra. Já a seção Relações de Dependência dá conteúdos para calcular se algum fenômeno depende de outro.

“Não vou perguntar se o leitor quer estudar regressão. Vou convidá-lo a discutir como uma coisa causa a outra. A regressão vai aparecer como resultado das perguntas que ele já tem”, exemplifica Pereira.

Conceitos básicos
Bioestatística faz parte do currículo dos cursos de ciências biomédicas

A obra é destinada a estudantes e pesquisadores sem conhecimentos prévios de estatística. A proposta é dar base para que o estudante tenha capacidade de aprender técnicas mais complexas e especializadas.

“É impossível ensinar a um aluno de biomédicas todas as técnicas de estatística que há na ciência dele”, explica Pereira. “Elas existem à infinidade e surgem novas todo dia. Mas, se ele entender a estrutura conceitual que esse livro ensina poderá aprender com muito mais facilidade o que ainda não estudou.”

O livro recebeu elogios de pesquisadores importantes, como o filósofo Newton da Costa, primeiro brasileiro a ser membro do Instituto Internacional de Filosofia, de Paris (França). “O livro será, daqui para frente, um marco no ensino de Estatística. É uma tentativa de amenizar o ensino desse tema da mais alta relevância, porém difícil de ministrar, especialmente aos principiantes”, diz Costa no prefácio.

“É um trabalho comprometido com o cuidado na transmissão de conhecimentos”, diz outro prefácio, de Elza Berquó, ex-professora catedrática de estatística da FSP. “É um leitura plena de conhecimentos e poesia.”

Bioestatística em outras palavras tem 424 páginas e custa R$ 60,00. Lançado em março, pode ser adquirido pelo site da Edusp.

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