Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria
Os poemas de O Sermão do Viaduto foram lidos pelo poeta Álvaro Alves de Faria, no viaduto do Chá, no centro velho da cidade de São Paulo, com microfone e quatro alto-falantes, em plena ditadura militar. O poeta fez nove recitais no local, em meados dos anos 1960, sendo preso cinco vezes pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), acusado de subversão. A última prisão ocorreu na noite de 9 de agosto de 1966, quando os recitais de O sermão do viaduto foram proibidos definitivamente.
Foi através de uma de suas cadeiras curriculares no doutorado – Poética e Cidadania – que Aline Bernar teve contato com a obra do poeta paulista Álvaro Alves de Faria. O Sermão do viaduto foi amor à primeira vista e, mais tarde, tornou-se objeto de investigação que dialoga Poesia de Imigração, Ciências Sociais e Filosofia.
O estudo foi tema de seu doutoramento pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – (UERJ), junto à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em Portugal, sob orientação da professora doutora Graça Capinha, e resultou no livro O Sermão do Viaduto de Álvaro Alves de Faria (Escrituras Editora). Aline Bernar mostra o ato poético desempenhado por Álvaro como um ato público e político, voltado para questões político-sociais, visto então como um ato contestador, desde o cenário escolhido até o público, o povo oprimido e desprivilegiado, incluindo as prostitutas, os desempregados, os vendedores ambulantes, os desabrigados. Viaduto que aos olhos do poeta era um “local apaixonante”, para uma poesia que representava um manifesto, resistente e militante.
Nas palavras de Álvaro Alves de Faria: “Eram poemas escritos em linguagem bíblica, não religiosa (...) Era um discurso público. Um comício poético num tempo que começava a revelar as sombras da ditadura que se instalou no país e deixou a situação ainda mais grave com a edição do AI-5 (...) O Sermão do Viaduto constituiu, na época, o início do movimento de recitais públicos de poesia
Sobre a autora:
Aline Bernar nasceu em 6 de outubro de 1977, no Rio de Janeiro. Licenciada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cursou Mestrado em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e, no momento, termina seu doutorado em Linguagem, Identidades e Mundialização pela Universidade de Coimbra (UC) – Portugal. Um trabalho mais aprofundado sobre a rica poemática de Álvaro Alves de Faria, acrescido de um conhecimento maior dos diversos cenários/contextos pertinentes à sua obra, já faz parte dos rumos acadêmicos que Aline Bernar traça agora para o futuro. Um futuro apoiado na “memória” de um poeta/pastor contemporâneo, seus poemas quase líricos, seus sermões num Viaduto e suas canções para Coimbra. É assim que um olhar brasileiro – de Coimbra para o Viaduto do Chá – encontra pelo caminho um poetar também brasileiro, que voa para suas origens lusófonas.
Sobre Álvaro Alves de Faria:
Nascido na cidade de São Paulo, é jornalista, poeta e escritor. Jardineiro aos 12 anos, operário de fábrica aos 14, contínuo do Correio Paulistano aos 16, iniciou sua carreira no Jornalismo aos 18 anos. Graduou-se em Sociologia e Política e Língua e Literatura Portuguesa, com Mestrado
Sobre Nelly Novaes Coelho:
Ensaísta e crítica literária, é Doutora em Letras, Livre-Docente e Titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa.
Formato: 14 X 21 cm, brochura
Peso: 170 g
Subscribe to my feed